Gestão do Conhecimento e a Administração por Objetivos: modelo multidimensional para vantagem competitiva

 

Miralda Souza Martins

miralda7584@gmail.com

Universidade da Amazônia – UNAMA

Michel Zahn Araujo

euaraujomichel@gmail.com

Universidade da Amazônia – UNAMA

Ronny Luis Sousa Oliveira

ronnyluis64@gmail.com

Universidade da Amazônia – UNAMA

Maria de Nazaré Souza Nascimento

nascimento.naza1006@gmail.com

Universidade da Amazônia – UNAMA

Igor de Jesus Lobato Pompeu Gammarano

igor.internacionalista@gmail.com

Universidade da Amazônia – UNAMA

 

 

 

RESUMO

Neste estudo, propõe-se desenvolver um quadro teórico integrado que articula a Gestão do Conhecimento (GC) e a Administração por Objetivos (APO) como alavancas complementares para catalisar o desempenho organizacional e a sustentabilidade competitiva. Vamos além dos princípios fundamentais da APO, expandindo a relevância do estabelecimento de metas SMART (Específicas, Mensuráveis, Alcançáveis, Relevantes e Temporizadas) para incluir uma nova dimensão: a 'Adaptabilidade Cognitiva'. Adicionalmente, aplicamos teorias contemporâneas sobre capital social, inteligência organizacional e ambidestria organizacional para examinar como a GC pode ser instrumentalizada para aprimorar a eficácia da APO. Por meio de um modelo conceitual robusto, demonstra-se como a convergência estratégica das duas abordagens pode desbloquear valor organizacional sustentável, otimizar a tomada de decisão e impulsionar a inovação.

Palavras-chave: Gestão do Conhecimento, Administração por Objetivos, Capital Social, Inteligência Organizacional, Ambidestria Organizacional, Adaptabilidade Cognitiva, Sustentabilidade Competitiva, Otimização da Tomada de Decisão, Inovação Estratégica.

 

Gestión del Conocimiento y la Administración por Objetivos: modelo multidimensional para ventaja competitiva

RESUMEN

En este estudio, se propone desarrollar un marco teórico integrado que articule la Gestión del Conocimiento (GC) y la Administración por Objetivos (APO) como palancas complementarias para catalizar el rendimiento organizacional y la sostenibilidad competitiva. Vamos más allá de los principios fundamentales de la APO, ampliando la relevancia del establecimiento de objetivos SMART (Específicos, Medibles, Alcanzables, Relevantes y Temporales) para incluir una nueva dimensión: la 'Adaptabilidad Cognitiva'. Adicionalmente, aplicamos teorías contemporáneas sobre capital social, inteligencia organizacional y ambidestreza organizacional para examinar cómo la GC puede ser instrumentalizada para mejorar la eficacia de la APO. A través de un modelo conceptual robusto, se demuestra cómo la convergencia estratégica de los dos enfoques puede desbloquear valor organizacional sostenible, optimizar la toma de decisiones e impulsar la innovación.

Palabras Clave: Gestión del Conocimiento, Administración por Objetivos, Capital Social, Inteligencia Organizacional, Ambidestreza Organizacional, Adaptabilidad Cognitiva, Sostenibilidad Competitiva, Optimización de la Toma de Decisiones, Innovación Estratégica.

 

Knowledge Management and Management by Objectives: multidimensional model for competitive advantage

ABSTRACT

In this study, we propose to develop an integrated theoretical framework that links Knowledge Management (KM) and Management by Objectives (MBO) as complementary levers to catalyze organizational performance and competitive sustainability. We go beyond the fundamental principles of MBO, expanding the relevance of setting SMART (Specific, Measurable, Achievable, Relevant, and Time-bound) goals to include a new dimension: 'Cognitive Adaptability'. Additionally, we apply contemporary theories on social capital, organizational intelligence, and organizational ambidexterity to examine how KM can be instrumentalized to enhance the efficacy of MBO. Through a robust conceptual model, it's demonstrated how the strategic convergence of the two approaches can unlock sustainable organizational value, optimize decision-making, and drive innovation.

Keywords: Knowledge Management, Management by Objectives, Social Capital, Organizational Intelligence, Organizational Ambidexterity, Cognitive Adaptability, Competitive Sustainability, Decision-Making Optimization, Strategic Innovation.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Em um mundo crescentemente impulsionado pela economia do conhecimento, a gestão eficaz do capital intelectual e humano tornou-se uma questão de sobrevivência organizacional (Davenport & Prusak, 1998). Dentro deste domínio, a Gestão do Conhecimento (GC) emergiu como uma disciplina vital que se entrelaça com vários paradigmas gerenciais e estratégicos (Spender, 1996; Nonaka & Takeuchi, 1995). Paralelamente, a Administração por Objetivos (APO), uma abordagem gerencial que ganhou popularidade em meados do século XX (Drucker, 1954), continua sendo aplicável na configuração de metas organizacionais e no alinhamento estratégico. No entanto, embora ambos os paradigmas sejam bem estudados em suas respectivas literaturas, pouco se sabe sobre a eficácia sinérgica que pode surgir de sua integração cuidadosa. Este hiato teórico e prático constitui o núcleo da nossa investigação.

Neste contexto, formulamos a seguinte pergunta de pesquisa: como as práticas de Gestão do Conhecimento e Administração por Objetivos podem ser sinergicamente alinhadas para sustentar a vantagem competitiva e a resiliência organizacional em ambientes voláteis e complexos? Respondendo a esta pergunta, este estudo aspira a fornecer uma contribuição original e substancial ao unir dois corpos de literatura geralmente isolados em um modelo conceitual integrado.

O objetivo primário é construir um quadro teórico-multidimensional robusto para articular a interação entre GC e APO. Sub-objetivos incluem: Investigar como o conceito de metas SMART (Específicas, Mensuráveis, Alcançáveis, Relevantes e Temporizadas) pode ser enriquecido e adaptado no contexto da 'Adaptabilidade Cognitiva' (Wegner, 1987; Stanovich, 2009); Incorporar e sintetizar teorias contemporâneas de capital social (Putnam, 2000; Bourdieu, 1986), inteligência organizacional (March, 1991; Simon, 1991), e ambidestria organizacional (Gibson & Birkinshaw, 2004; O'Reilly & Tushman, 2004) para oferecer uma visão mais holística e multidimensional; Derivar implicações práticas e prescrições gerenciais, fundamentadas teoricamente, para implementação em ambientes organizacionais heterogêneos.

Este artigo é dividido em várias seções principais, começando com uma revisão abrangente da literatura para estabelecer o estado atual do campo. Em seguida, introduzimos o modelo conceitual multidimensional. A seção subsequente aborda as implicações gerenciais e, finalmente, uma conclusão que resume os principais achados e aponta para futuras direções de pesquisa.

Ao desenvolver esta estrutura, esperamos lançar uma nova luz sobre como a interseção entre GC e APO pode ser sistematicamente explorada para criar e sustentar vantagens competitivas em organizações que operam na complexa paisagem da economia do conhecimento.

 

REVISÃO DA LITERATURA

 

Fundamentos e Evolução da Gestão do Conhecimento

 

A necessidade de compreender e administrar o conhecimento dentro das organizações remonta às últimas décadas do século XX. Drucker (1993) foi um dos primeiros a reconhecer que o conhecimento havia se tornado o recurso econômico mais importante, substituindo o capital e o trabalho. Desde então, a pesquisa em Gestão do Conhecimento (GC) evoluiu consideravelmente, polarizando-se em torno de duas abordagens distintas: a perspectiva tácita, como articulada por Nonaka e Takeuchi (1995), e a visão mais explícita, que considera o conhecimento como algo que pode ser codificado e armazenado em bases de dados e manuais (Wiig, 1997; Davenport & Prusak, 1998).

Nonaka e Takeuchi (1995) foram pioneiros em introduzir o modelo SECI, que envolve os processos de socialização, externalização, combinação e internalização. Este modelo é fundamental para entender como o conhecimento tácito é transformado em conhecimento explícito e vice-versa, um processo dinâmico que eles chamaram de "espiral do conhecimento". A contribuição de Nonaka e Takeuchi foi monumental em deslocar o foco do gerenciamento do conhecimento de um esforço puramente técnico para um que integra dimensões sociais e contextuais.

Por outro lado, Davenport e Prusak (1998) propõem uma abordagem mais estruturada e tecnológica para a GC, onde a captura, codificação e distribuição de conhecimento são vistas como os pilares centrais. Eles argumentam que o conhecimento explícito pode ser facilmente transferido e utilizado para tomada de decisão e resolução de problemas, uma visão que ressoa com o conceito de "organizações que aprendem" de Senge (1990).

Ao longo do tempo, houve uma série de tentativas de integrar essas perspectivas. Por exemplo, Wenger (1998) introduziu o conceito de "comunidades de prática" como um espaço onde o conhecimento tácito e explícito poderia ser integrado de forma eficaz. Da mesma forma, a Teoria do Conhecimento Organizacional de Cook e Brown (1999) propôs uma "epistemologia da prática" que tenta sintetizar o conhecimento tácito e explícito ao introduzir uma quinta categoria de "conhecer" como uma atividade dinâmica.

A GC foi estudada em relação à inovação (Nonaka, Toyama & Konno, 2000; Von Krogh, 1998), capital intelectual (Edvinsson & Malone, 1997) e até mesmo à gestão estratégica (Grant, 1996; Spender, 1996). Estas investigações ampliaram o domínio da GC, ligando-a a outras disciplinas e práticas de gestão, tornando ainda mais crucial a necessidade de uma integração eficaz com abordagens tradicionais, como a Administração por Objetivos.

A evolução da pesquisa em GC tem sido marcada por uma expansão contínua de seu escopo e profundidade. No entanto, existe uma lacuna visível na literatura sobre como a GC pode ser sinergicamente alinhada com métodos tradicionais de gestão, o que este estudo visa a preencher. Esta revisão da literatura serve como um fundamento para explorar essa interseção crucial, abrindo caminho para a formulação de um modelo teórico multidimensional que poderia oferecer novas perspectivas na prática da GC e sua relação com a Administração por Objetivos.

 

Fundamentos e Evolução da Administração por Objetivos

 

A Administração por Objetivos (APO) foi formalmente introduzida por Peter Drucker em seu seminal trabalho "The Practice of Management" (1954), embora conceitos semelhantes possam ser rastreados até a administração científica de Frederick Taylor. A APO representa uma abordagem de gestão que visa alinhar os objetivos organizacionais com os dos indivíduos e departamentos dentro de uma organização. Ela coloca uma forte ênfase em estabelecer metas SMART (Específicas, Mensuráveis, Alcançáveis, Relevantes e Temporizadas) e subsequentemente monitorar e avaliar o desempenho com base nessas metas (Locke & Latham, 2002).

O corpo de literatura sobre APO evoluiu ao longo das décadas para abordar a complexidade crescente dos ambientes de negócios. Os modelos evoluíram para incorporar uma gama mais ampla de fatores, incluindo motivação (Maslow, 1954; Herzberg, 1968), feedback contínuo (London & Smither, 1995) e o conceito de objetivos esticados (Kerr & Landauer, 2004). No entanto, a abordagem tem sido criticada por ser excessivamente mecanicista e insuficientemente adaptável a ambientes de negócios que são inerentemente dinâmicos e voláteis (Miner, 1984; Cunningham & Eberle, 1990).

A Administração por Objetivos também tem sido estudada em relação à cultura organizacional (Schein, 1985), liderança (Bass, 1985), e desempenho organizacional (Rumelt, 1974; Kaplan, 1992). Contudo, a sua integração com paradigmas contemporâneos como a Gestão do Conhecimento tem sido em grande parte negligenciada. Este estudo aspira a preencher essa lacuna, fornecendo insights sobre como a APO pode ser revitalizada e tornada mais eficaz através de sua integração com práticas de gestão do conhecimento.

 

Abordagens Integradas Anteriores e Limitações

 

Embora haja uma riqueza de literatura tratando separadamente de Gestão do Conhecimento e Administração por Objetivos, poucos estudos tentaram integrar os dois conceitos de forma significativa. Um dos primeiros foi o trabalho de Stewart (2001), que investigou como o capital intelectual poderia ser avaliado em um sistema de APO. No entanto, a pesquisa foi limitada em seu alcance e não considerou o processo dinâmico da criação do conhecimento.

Outras tentativas incluem o estudo de Scarborough (2008), que explorou como os sistemas de gestão de desempenho poderiam ser informados pela gestão do conhecimento. No entanto, a pesquisa não forneceu um modelo operacionalizável e focou apenas em casos isolados. Além disso, Mavrinac e Siesfeld (1998) tentaram mapear métricas de ativos intangíveis como conhecimento e inovação para o Balanced Scorecard, mas faltou uma exploração mais profunda da sinergia entre essas duas disciplinas gerenciais.

Essas abordagens integradas anteriores mostram um certo nível de maturidade conceitual, mas falham em fornecer estruturas robustas que possam ser aplicadas em ambientes organizacionais diversos. Elas também carecem de uma base teórica sólida que combine os princípios subjacentes de cada domínio de forma coesa (Argyris & Schön, 1996; Senge et al., 1999).

A maior limitação, no entanto, é que esses estudos anteriores não abordam adequadamente a necessidade de adaptabilidade e aprendizado contínuo em ambientes empresariais que estão em rápida mudança (Teece, 2007; Eisenhardt & Martin, 2000). Este artigo aspira a superar essas limitações ao propor um modelo teórico multidimensional que não apenas integre APO e GC, mas também seja flexível o suficiente para adaptar-se às mudanças no ambiente de negócios.

Embora haja uma riqueza de pesquisa em cada um dos domínios de Gestão do Conhecimento e Administração por Objetivos, há um vácuo notável quando se trata de seu alinhamento e integração. Este artigo busca preencher essa lacuna teórica ao oferecer uma estrutura que possa catalisar futuras pesquisas empíricas e oferecer insights práticos para líderes e gestores.

 

TEORIAS DE SUPORTE E CONSTRUÇÃO CONCEITUAL

 

O objetivo deste tópico é contextualizar as bases teóricas subjacentes que sustentam o modelo integrado proposto neste artigo. Especificamente, discutiremos a Teoria do Capital Social e a Inteligência Organizacional como fundamentos teóricos que fornecem uma visão mais rica da sinergia entre Gestão do Conhecimento e Administração por Objetivos.

O conceito de Capital Social foi inicialmente popularizado por Bourdieu (2003, p. 67), que definiu o termo como "os recursos atuais ou potenciais que estão ligados a posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de conhecimento mútuo e reconhecimento." No contexto da Gestão do Conhecimento, o capital social torna-se fundamental para a criação e transferência de conhecimento, especialmente em organizações complexas (Nahapiet & Ghoshal, 1998).

A teoria do Capital Social também tem implicações importantes para a Administração por Objetivos. Metas SMART, que são cruciais para APO, podem ser mais efetivamente definidas e alcançadas quando há um alto grau de capital social dentro da organização. Em essência, relações de confiança e redes de colaboração podem facilitar a troca de informações e ideias, levando a metas mais bem formuladas e alinhadas com as capacidades organizacionais (Tsai & Ghoshal, 1998).

Portanto, a Teoria do Capital Social oferece uma estrutura para entender como os relacionamentos dentro das organizações podem ser otimizados para atingir metas e maximizar a transferência e criação de conhecimento (Coleman, 1988; Burt, 1992). Ao integrar a Teoria do Capital Social no modelo proposto, aspiramos a desenvolver um quadro mais coeso e robusto para examinar a sinergia entre Gestão do Conhecimento e Administração por Objetivos.

O termo "Inteligência Organizacional" foi inicialmente usado por March (1991) para descrever a capacidade de uma organização de processar informação de forma eficaz para resolver problemas e adaptar-se a novos ambientes. Nesta linha, Choo (1996) apresentou o modelo da "Organização que Aprende", onde a inteligência organizacional é vista como uma função crítica para a gestão eficaz do conhecimento e da tomada de decisão.

Aplicada à Administração por Objetivos, a inteligência organizacional pode fornecer os meios para tornar o processo de definição de metas mais adaptável e responsivo às mudanças nas condições do mercado ou no ambiente organizacional (Simon, 1976; Daft & Weick, 1984). A ideia é que, ao entender o ambiente interno e externo, os líderes podem estabelecer metas que não são apenas SMART, mas também adaptáveis (Huber, 1991).

Além disso, a Inteligência Organizacional pode facilitar a Gestão do Conhecimento através da identificação de lacunas de conhecimento e capacitação da organização para buscar soluções inovadoras (Davenport & Prusak, 1998; Nonaka, 1994). Em suma, ela fornece o contexto em que o conhecimento é não apenas gerado, mas também aplicado de maneira eficaz para atingir os objetivos organizacionais.

Ao abordar estas teorias como pilares conceituais, este estudo visa criar um modelo integrado que seja não apenas teoricamente válido, mas também altamente aplicável na prática. A inclusão destas teorias apoia a ideia de que uma abordagem integrada de Gestão do Conhecimento e Administração por Objetivos é não apenas desejável, mas teoricamente sustentável. O desafio é, portanto, construir este modelo teórico de uma maneira que permita futuras investigações empíricas e aplicação prática.

Já o termo "Ambidestria Organizacional" foi inicialmente cunhado por Duncan (1976) e recebeu atenção significativa na pesquisa subsequente, especialmente pelos trabalhos de O'Reilly & Tushman (2004). A ambidestria organizacional refere-se à habilidade que uma organização tem de equilibrar eficientemente suas atividades de exploração e explotação. Em outras palavras, trata-se da capacidade da organização de ser simultaneamente eficiente no presente e adaptável para o futuro (Gibson & Birkinshaw, 2004).

Este conceito é de importância vital tanto para a Gestão do Conhecimento quanto para a Administração por Objetivos. A exploração, nesse contexto, refere-se à criação, aquisição e compartilhamento de novos conhecimentos, habilidades que são centrais para uma eficaz Gestão do Conhecimento (Nonaka & Takeuchi, 1995). Em contrapartida, a explotação está mais alinhada com a Administração por Objetivos, que busca eficiência e eficácia por meio de metas bem definidas e mecanismos de avaliação rigorosos (Locke & Latham, 1990).

A Ambidestria Organizacional permite uma síntese dessas duas abordagens, sugerindo que as organizações mais bem-sucedidas são aquelas capazes de navegar entre a eficiência operacional e a inovação, sem se comprometer com nenhuma das duas (Adler et al., 1999; Raisch & Birkinshaw, 2008). Assim, a inclusão da teoria da Ambidestria Organizacional acrescenta uma camada adicional de complexidade e riqueza ao modelo, possibilitando uma análise mais aprofundada dos fatores que contribuem para o sucesso na integração de GC e APO.

A proposta de integrar a Teoria do Capital Social, Inteligência Organizacional e Ambidestria Organizacional em um único modelo teórico provém do reconhecimento de que a complexidade e volatilidade do ambiente de negócios contemporâneo exigem uma abordagem mais holística e multifacetada (Porter, 1985; Mintzberg, 1990). Cada teoria oferece insights valiosos sobre aspectos diferentes da dinâmica organizacional e pode, portanto, contribuir para uma compreensão mais completa das vantagens e desafios inerentes à integração da Gestão do Conhecimento e da Administração por Objetivos.

O Capital Social fornece o terreno fértil para o compartilhamento de conhecimento e a colaboração (Putnam, 2000), enquanto a Inteligência Organizacional oferece o mecanismo cognitivo para processar esse conhecimento e adaptá-lo às necessidades organizacionais (Huber, 1991). A Ambidestria Organizacional, por outro lado, fornece um quadro para balancear as demandas contraditórias de eficiência e inovação (He & Wong, 2004). Juntas, essas teorias podem fornecer uma estrutura abrangente e robusta para a eficaz integração de GC e APO (Eisenhardt & Martin, 2000).

Ao tecer estas teorias em uma estrutura unificada, este estudo visa não apenas preencher uma lacuna significativa na literatura existente, mas também fornecer um modelo aplicável que pode orientar os gestores na prática. Além disso, a integração destas teorias também estabelece um rico terreno para futuras investigações empíricas, permitindo que pesquisadores explorem várias facetas deste fenômeno complexo de maneira mais detalhada e contextualizada.

 

PROPOSTA DO MODELO TEÓRICO MULTIDIMENSIONAL

 

Componentes do Modelo

 

A primeira componente do modelo enfoca a GC como um mecanismo contínuo para a criação, armazenamento, transferência e aplicação de conhecimento (Davenport & Prusak, 1998; Nonaka & Takeuchi, 1995). Este aspecto se baseia na ideia de que a capitalização do conhecimento institucional é essencial para a inovação e a vantagem competitiva (Teece, 1998).

O segundo componente central é a APO, que proporciona um mecanismo estruturado para a definição de metas, monitoramento de progresso e avaliação de desempenho (Drucker, 1954; Locke & Latham, 1990). Esta abordagem visa alinhar as ações dos colaboradores com os objetivos estratégicos da organização, assegurando eficácia e eficiência.

O terceiro componente, Capital Social, age como o tecido conectivo no modelo, facilitando a partilha de conhecimento e colaboração dentro da organização (Bourdieu, 1986; Putnam, 2000). Serve como uma ponte entre GC e APO, permitindo uma comunicação eficaz e a construção de relações de confiança, essenciais para o sucesso da integração desses dois sistemas (Nahapiet & Ghoshal, 1998).

Neste modelo, a Inteligência Organizacional funciona como o sistema nervoso central, permitindo à organização adaptar-se e evoluir em resposta às mudanças ambientais (March, 1991; Alavi & Leidner, 2001). Esta componente permite que as informações e insights gerados através da GC e da APO sejam interpretados e aplicados de maneira estratégica.

Finalmente, a Ambidestria Organizacional é incorporada como uma característica de adaptabilidade, permitindo às organizações equilibrar eficazmente as demandas conflitantes da exploração e explotação (O'Reilly & Tushman, 2004; Gibson & Birkinshaw, 2004). Esta componente oferece uma lente através da qual podemos entender como a eficácia em GC e APO pode ser otimizada.

O modelo teórico multidimensional proposto aqui não apenas aborda a complexidade e a interdependência entre GC e APO, mas também enriquece a literatura existente ao integrar Capital Social, Inteligência Organizacional e Ambidestria Organizacional como teorias de apoio. Assim, o modelo tem o potencial de servir tanto como um quadro analítico para futuras pesquisas acadêmicas quanto como um guia prático para líderes e gestores na implementação de estratégias eficazes de GC e APO.

 

Articulação Entre GC E APO N no Modelo

 

A articulação entre Gestão do Conhecimento (GC) e Administração por Objetivos (APO) no modelo proposto é vital para a construção de uma estratégia organizacional holística. O modelo é desenhado para capturar a interdependência e a sinergia dessas duas abordagens, visando maximizar o desempenho e a eficácia organizacional.

O modelo avança no entendimento da co-dependência entre GC e APO ao identificar "mecanismos de interligação" que atuam como pontos de interface entre os dois domínios. A literatura tem tipicamente tratado essas duas áreas em compartimentos estanques, uma lacuna que o modelo busca preencher (Spender, 1996; Locke & Latham, 1990). A capacidade da organização para definir metas SMART (Específicas, Mensuráveis, Alcançáveis, Relevantes e Temporizadas) pode ser notavelmente aumentada quando informada por insights obtidos através de práticas robustas de GC.

Neste modelo, a APO não apenas estabelece metas, mas também fornece um mecanismo para a circulação do conhecimento. De forma semelhante, a GC não é apenas um repositório de conhecimento, mas um catalisador que fornece o conhecimento necessário para estabelecer e ajustar metas eficazes (Nonaka, 1994; Kaplan & Norton, 1996).

A característica essencial deste modelo é o sistema de feedback contínuo. Dados gerados a partir do processo de APO podem alimentar diretamente os sistemas de GC, contribuindo para um "loop" de aprendizagem (Argyris & Schön, 1978, 1996). A incorporação de feedback contínuo atua como uma camada adicional de inteligência, permitindo que as organizações se ajustem de maneira eficaz em ambientes complexos e em rápida mudança (Simon, 1991).

O modelo incorpora uma nova dimensão chamada "Adaptabilidade Cognitiva", que é facilitada pela inteligência organizacional e capital social. A ideia é que as metas não são estáticas; elas precisam de adaptabilidade para responder ao fluxo de novas informações e conhecimentos (Weick & Sutcliffe, 2001). Este aspecto oferece uma forma de incorporar a adaptabilidade organizacional dentro da estrutura tradicional da APO, tornando as organizações mais resilientes e flexíveis (Brown & Eisenhardt, 1997).

A estrutura teórica aqui apresentada não serve apenas para análise acadêmica, mas também oferece uma série de pontos de entrada para a aplicação prática. Fornece aos gestores um mapa cognitivo para a implementação integrada de estratégias de GC e APO (Mintzberg, 1994; Senge, 1990).

O modelo teórico multidimensional e sua articulação entre GC e APO adicionam profundidade e nuance à compreensão da gestão organizacional. Além de ser teoricamente robusto, o modelo é projetado para ser flexível e adaptável, refletindo a complexidade e a dinâmica do ambiente empresarial moderno. Ao fazer isso, ele preenche uma lacuna significativa na literatura e oferece uma base para pesquisas futuras e aplicações práticas.

 

Incorporação de Metas Smart e Adaptabilidade Cognitiva

 

A integração de metas SMART (Específicas, Mensuráveis, Alcançáveis, Relevantes e Temporizadas) e o conceito emergente de "Adaptabilidade Cognitiva" constituem uma das inovações centrais do modelo multidimensional. Esta seção explora como esses elementos se amalgamam para criar uma abordagem gerencial mais holística e adaptável.

O conceito de metas SMART tem sido um pilar na literatura de APO desde sua conceituação inicial por Locke (1968) e subsequentemente popularizada por Drucker (1954). Estes princípios ajudam os gestores a definir metas que não são apenas claras e direcionadas, mas também mensuráveis e alcançáveis. No entanto, a crítica comum a este enfoque tem sido sua rigidez e falta de adaptabilidade em ambientes de negócios em rápida mudança (Dweck, 1986).

O conceito de "Adaptabilidade Cognitiva" surge como uma extensão lógica das metas SMART, fornecendo o elemento de flexibilidade e aprendizado necessário para que as organizações prosperem em ambientes voláteis (Martin, 2007; Heifetz, 1994). A adaptabilidade cognitiva implica uma mentalidade de crescimento e a capacidade de reconfigurar metas à medida que surgem novas informações e insights (Bandura, 1997).

A introdução da Adaptabilidade Cognitiva no modelo permite uma "Modelagem de Decisão Adaptativa", que combina o rigor das metas SMART com a flexibilidade necessária para a adaptação (Gavetti & Levinthal, 2000). Esta abordagem permite que as organizações reajam de forma mais eficaz às mudanças no ambiente, sem comprometer a direcionalidade e foco que as metas SMART fornecem (Eisenhardt & Martin, 2000).

A interseção entre metas SMART e Adaptabilidade Cognitiva é ainda mais fortalecida quando consideramos teorias de suporte como o Capital Social (Bourdieu, 1986), Inteligência Organizacional (March, 1991), e Ambidestria Organizacional (O'Reilly & Tushman, 2004). O Capital Social facilita a geração de conhecimento necessário para adaptabilidade; a Inteligência Organizacional contribui para uma reconfiguração eficaz de metas; e a Ambidestria Organizacional permite equilibrar exploração e exploração, tornando a adaptabilidade cognitiva não apenas possível, mas eficaz.

A incorporação de metas SMART com Adaptabilidade Cognitiva não é meramente um exercício acadêmico, mas tem aplicações práticas tangíveis. Ele oferece aos gestores um conjunto de ferramentas mais dinâmico para a tomada de decisões estratégicas e operacionais, permitindo uma resposta mais ágil e informada a desafios e oportunidades emergentes (Teece, 2007).

A junção de metas SMART e Adaptabilidade Cognitiva no modelo proposto cria um mecanismo robusto para a navegação eficaz em ambientes empresariais complexos e voláteis. Este elemento do modelo não apenas enriquece a literatura existente, mas também oferece uma base sólida para o desenvolvimento de estratégias organizacionais mais eficazes e adaptáveis.

O diagama denominado “Modelo Sintérgico de Alinhamento Estratégico e Adaptabilidade Organizacional” (Figura 1) busca mostrar como a interseção de GC e APO, quando ancorada em capital social e reforçada por inteligência organizacional e ambidestria, pode resultar em um alinhamento estratégico e operacional mais eficaz. Além disso, o modelo ressalta que tal alinhamento é mais eficaz quando estruturado em torno de Metas SMART e enriquecido com elementos de adaptabilidade cognitiva. Esta integração teórica preenche uma lacuna significativa na literatura, oferecendo um framework mais holístico e aplicável para o fortalecimento do desempenho organizacional.

 

Figura 1

Modelo Sintérgico de Alinhamento Estratégico e Adaptabilidade Organizacional

Fonte: Elaboração Própria (2023)

 

Observa-se que o conceito de "Capital Social" apontado na Figura 1, serve como um pilar central que orienta e fortalece tanto a Gestão do Conhecimento (Nonaka & Takeuchi, 1995) quanto a Administração por Objetivos (Drucker, 1954). O capital social, como descrito por Bourdieu (1986), é um recurso intangível que pode potencializar a troca de informações e fortalecer relações dentro de uma organização. Ao alimentar ambientes de confiança e colaboração, ele serve como catalisador para a eficácia tanto da GC quanto da APO.

Este modelo propõe que a GC e a APO não são apenas complementares, mas também sinergéticas. A GC é eficaz na captura, armazenamento e disseminação de conhecimento, enquanto a APO foca na definição de metas claras e mensuráveis e na avaliação de desempenho. A interseção entre esses dois conceitos pode criar um ecossistema organizacional onde o conhecimento é não apenas gerado e aplicado, mas também alinhado estrategicamente com os objetivos organizacionais (O'Reilly & Tushman, 2004).

O modelo destaca a "Inteligência Organizacional" (March, 1991) e a "Ambidestria Organizacional" (O'Reilly & Tushman, 2004) como pilares conceituais que reforçam a interseção de GC e APO. A inteligência organizacional aborda a capacidade da organização de coletar, interpretar e aplicar o conhecimento, que é amplificado quando combinado com a estruturação e orientação fornecida pela APO. A ambidestria organizacional refere-se à habilidade de uma empresa em equilibrar exploração e explotação, algo que se torna mais realizável quando a GC e a APO estão alinhadas.

No nível mais prático, o modelo incorpora "Metas SMART" (Specific, Measurable, Achievable, Relevant, Time-bound) e "Adaptabilidade Cognitiva" como saídas aplicáveis da sinergia entre GC e APO. Metas SMART fornecem um framework para traduzir estratégias abstratas em ações concretas. A "Adaptabilidade Cognitiva" adiciona uma dimensão dinâmica, permitindo que as organizações respondam a mudanças e incertezas de maneira eficaz (Lipshitz & Strauss, 1997).

 

DISCUSSÃO

 

Validação do Modelo Proposto

 

O Modelo Sintérgico de Alinhamento Estratégico e Adaptabilidade Organizacional foi concebido para abordar os desafios multifacetados da economia do conhecimento, unindo as teorias de Gestão do Conhecimento (GC) e Administração por Objetivos (APO) através de frameworks teóricos de Capital Social e Inteligência Dinâmica. No entanto, a robustez e aplicabilidade de qualquer modelo teórico necessitam de validação empírica para estabelecer sua credibilidade.

Em primeiro lugar, a validação deste modelo começa pela convergência teórica. O suporte teórico compila teorias consagradas no campo da gestão, como a teoria do Capital Social (Bourdieu, 1986), a concepção de Inteligência Organizacional (March, 1991), e o conceito de Ambidestria Organizacional (O'Reilly & Tushman, 2004). Estas teorias não apenas reforçam a solidez do respectivo modelo, mas também alinham as duas abordagens de gestão (GC e APO) de uma forma que é teoricamente coesa.

A validação empírica é um passo crítico para estabelecer a confiabilidade e validade do modelo proposto. Métodos quantitativos, como questionários aplicados a uma amostra representativa de organizações, e métodos qualitativos, como estudos de caso e entrevistas com gestores de nível sênior, podem oferecer insights profundos sobre a eficácia do modelo.

A validação também deve considerar a compatibilidade do modelo com práticas de gestão existentes. A versatilidade e adaptabilidade do modelo em cenários organizacionais diversos (por exemplo, indústrias, tamanhos de empresa, culturas organizacionais) são fatores cruciais para sua validação. Além disso, a integração das Metas SMART e do conceito de 'Adaptabilidade Cognitiva' oferece uma aplicação prática, tornando o modelo não apenas teoricamente sólido, mas também funcional e prático.

Finalmente, uma comparação rigorosa com modelos teóricos anteriores e estruturas de gestão existentes é essencial para validar a singularidade e a contribuição do modelo para a literatura acadêmica e prática gerencial (Barney, 1991; Wernerfelt, 1984).

A validação do Modelo Sintérgico de Alinhamento Estratégico e Adaptabilidade Organizacional exige um esforço multidimensional, envolvendo coerência teórica, confirmação empírica, alinhamento com práticas gerenciais existentes e diferenciação clara de modelos anteriores. Através deste processo de validação rigoroso, o modelo aspira a preencher uma lacuna significativa na literatura de estratégia e gestão, oferecendo um framework robusto e aplicável para a economia do conhecimento.

 

Implicações Teóricas

 

A apresentação e subsequente validação do Modelo Sintérgico de Alinhamento Estratégico e Adaptabilidade Organizacional trazem diversas implicações teóricas que merecem destaque. Este modelo tem o potencial de reconfigurar o entendimento das sinergias possíveis entre a Gestão do Conhecimento (GC) e a Administração por Objetivos (APO), e como essas sinergias podem ser amplificadas através de uma variedade de frameworks teóricos, como Capital Social, Inteligência Organizacional e Ambidestria Organizacional.

Primeiramente, o modelo contribui para a literatura ao expandir e redefinir as fronteiras tradicionais desses dois domínios bem estabelecidos. A fusão sinérgica entre GC e APO, apoiada por uma estrutura teórica multifacetada, abre novas avenidas para pesquisa e prática (Nonaka & Takeuchi, 1995; Drucker, 1954).

O modelo também aprimora a literatura existente sobre o estabelecimento de metas, especificamente metas SMART, e introduz o conceito de 'Adaptabilidade Cognitiva' como um complemento necessário (Locke & Latham, 2006). Esse refinamento teórico oferece um novo ângulo para a eficácia do estabelecimento de metas, tornando o processo mais ágil e responsivo às rápidas mudanças do ambiente empresarial.

O modelo reforça a importância da Teoria do Capital Social (Bourdieu, 1986) em ambientes organizacionais, especialmente aqueles que são altamente dependentes de fluxos de conhecimento. Ao fazer isso, ele adiciona uma nova dimensão à literatura existente, demonstrando como o capital social pode atuar como uma ponte entre GC e APO.

A inclusão da Inteligência Organizacional (March, 1991) e da Ambidestria Organizacional (O'Reilly & Tushman, 2004) como pilares conceituais torna o modelo teoricamente robusto e reflete sua relevância multifuncional. Essas adições sugerem um caminho de pesquisa futura sobre como as organizações podem se tornar mais adaptáveis e inteligentes ao integrar essas diferentes teorias e abordagens.

Por fim, o modelo proposto sugere várias novas variáveis que podem ser objeto de futura pesquisa empírica, como a interação entre adaptabilidade cognitiva e metas SMART, ou o papel do capital social na facilitação de alinhamentos estratégicos entre GC e APO.

As implicações teóricas do "Modelo Sintérgico de Alinhamento Estratégico e Adaptabilidade Organizacional" são substanciais. Ele não apenas preenche uma lacuna significativa na literatura existente, mas também estabelece uma base sólida para futuros estudos acadêmicos e aplicações práticas na economia do conhecimento.

 

Implicações Gerenciais e Prescrições Práticas

 

A implementação eficaz do "Modelo Sintérgico de Alinhamento Estratégico e Adaptabilidade Organizacional" vai além de uma contribuição teórica; ela oferece diversas implicações práticas para líderes e gestores que buscam sustentar a vantagem competitiva na dinâmica economia do conhecimento.

Em primeiro lugar, este modelo oferece um caminho estruturado para a transformação organizacional, baseada em conhecimento. O alinhamento sinérgico entre GC e APO propicia uma cultura organizacional em que o conhecimento não é apenas adquirido, mas também aplicado de forma estratégica para atingir metas bem definidas (Davenport & Prusak, 1998; Kaplan & Norton, 1996).

Para a implementação prática do modelo, sugerimos uma abordagem faseada que começa com a avaliação do capital social existente dentro da organização (Nahapiet & Ghoshal, 1998). Com isso, os líderes podem determinar em que medida as redes de colaboração e confiança já estão em lugar e como essas podem ser fortalecidas para facilitar a integração entre GC e APO.

O modelo também tem implicações diretas para o estabelecimento de metas. As Metas SMART, já bem estabelecidas na literatura gerencial, ganham um novo aspecto de adaptabilidade cognitiva, o que facilita uma rápida resposta a mudanças no ambiente de negócios (Locke & Latham, 2006).

O modelo sugere um foco renovado na importância do desenvolvimento de competências como parte integrante do gerenciamento do capital humano (Becker, 1964). Esta perspectiva holística de capital humano vai além da simples acumulação de conhecimento, abrangendo a adaptabilidade, a aprendizagem contínua e a aplicação prática do conhecimento em contextos variáveis (Argyris & Schön, 1978).

O modelo enfatiza a necessidade de monitoramento contínuo e avaliação de métricas de desempenho, alinhadas tanto com os objetivos de GC quanto de APO. Isso pode incluir métricas de aprendizagem organizacional, níveis de engajamento dos funcionários e o ROI do conhecimento (Kaplan & Norton, 1996).

Por último, a implementação eficaz deste modelo exige uma liderança que seja versátil e adaptável, apta para promover uma cultura de aprendizado e inovação. A liderança deve ser capaz de articular claramente a visão estratégica e engajar a equipe em uma busca coletiva por excelência e inovação (Kotter, 1996).

O "Modelo Sintérgico de Alinhamento Estratégico e Adaptabilidade Organizacional" não é apenas uma adição teórica à literatura, mas um guia prático robusto para as organizações que buscam se adaptar e prosperar na complexa paisagem empresarial contemporânea.

 

Diretrizes para a Implementação

 

A implementação eficaz do "Modelo Sintérgico de Alinhamento Estratégico e Adaptabilidade Organizacional" requer uma compreensão profunda não apenas das teorias subjacentes, mas também dos mecanismos práticos que facilitam sua operacionalização. As seguintes diretrizes oferecem um caminho prático para gerentes e líderes de organização para navegar na complexidade deste modelo multidimensional.

O primeiro passo para implementar este modelo é obter o engajamento e compreensão dos executivos e tomadores de decisão da organização (Kotter, 1996). A liderança deve ser educada sobre os benefícios estratégicos de integrar GC e APO, bem como sobre o valor agregado de componentes como Capital Social e Adaptabilidade Cognitiva.

Antes da implementação, é crucial conduzir um diagnóstico organizacional para avaliar o estado atual da GC e APO na organização (Nadler & Tushman, 1980). Isso fornecerá insights sobre os recursos disponíveis e as lacunas que precisam ser preenchidas.

O treinamento deve ser fornecido para garantir que todos os níveis da organização entendam os componentes do modelo, incluindo o estabelecimento de metas SMART e a importância da Adaptabilidade Cognitiva (Argyris & Schön, 1978, 1996). Esse treinamento não deve ser uma atividade única, mas um processo contínuo.

Implementar estratégias para fomentar o capital social entre os colaboradores pode servir como um multiplicador de força para ambos os paradigmas de GC e APO (Bourdieu, 1986). Isso pode incluir incentivar a colaboração interdepartamental, compartilhamento de conhecimento e formação de redes profissionais.

Um sistema de monitoramento deve ser estabelecido para medir o sucesso da implementação do modelo (Kaplan, 1992). Isso deve incluir indicadores chave de desempenho (KPIs) que são alinhados com as metas SMART e refletem a eficácia da Adaptabilidade Cognitiva.

Dada a natureza volátil da economia do conhecimento, o modelo deve ser flexível o suficiente para adaptações e ajustes rápidos (Teece, 2007). Isso implica em um ciclo de feedback contínuo e um compromisso com o aprendizado e a adaptação organizacionais. Finalmente, a implementação do modelo deve ser feita com total aderência aos princípios éticos e às melhores práticas de sustentabilidade (Carroll & Shabana, 2010).

As diretrizes acima fornecem um roteiro robusto e fundamentado teoricamente para a implementação prática do "Modelo Sintérgico de Alinhamento Estratégico e Adaptabilidade Organizacional". A sua adoção não apenas oferece um caminho para vantagem competitiva sustentável, mas também contribui para a literatura emergente em estratégias integradas de gestão.

 

CONCLUSÃO

 

O presente artigo propôs o "Modelo Sintérgico de Alinhamento Estratégico e Adaptabilidade Organizacional", um esquema conceitual multidimensional que sintetiza práticas e teorias da Gestão do Conhecimento (GC) e Administração por Objetivos (APO). O modelo incorpora elementos de capital social, inteligência organizacional e ambidestria organizacional, oferecendo uma estrutura robusta e flexível para alcançar vantagem competitiva em ambientes incertos e voláteis.

Em resposta à pergunta de pesquisa, o estudo demonstrou que as práticas de GC e APO podem ser alinhadas sinergicamente através de um modelo que integra metas SMART com uma nova dimensão de 'Adaptabilidade Cognitiva'. Este alinhamento permite que as organizações não apenas definam e atinjam objetivos estratégicos, mas também se adaptem a mudanças ambientais de forma proativa, sustentando assim a vantagem competitiva e a resiliência organizacional. O artigo também cumpriu com êxito seus objetivos, estabelecendo um modelo conceitual, fundamentando-o teoricamente, e oferecendo insights práticos para sua implementação.

Este estudo contribui para a literatura de estratégia e gestão ao preencher uma lacuna significativa no entendimento da relação entre GC e APO. Além disso, oferece um modelo estruturado para organizações que buscam transformar sua abordagem estratégica em um ambiente de negócios em constante mudança. Embora o modelo proposto seja robusto e fundamentado em teorias bem estabelecidas, é crucial reconhecer suas limitações. O modelo precisa ser testado empiricamente em diferentes contextos organizacionais para verificar sua universalidade e aplicabilidade. Além disso, a integração de múltiplas teorias pode levar a um grau de complexidade que pode ser desafiador para implementar na prática.

Futuras pesquisas podem abordar a aplicação empírica do modelo em diferentes setores ou contextos geográficos para testar sua robustez. Além disso, o papel dos líderes na implementação eficaz do modelo é uma área que merece maior atenção. O desenvolvimento de métricas específicas para avaliar o sucesso da implementação também é um gap de pesquisa que pode ser explorado. Em conclusão, este estudo proporciona um novo olhar sobre como a GC e a APO podem ser integradas de forma sinérgica para melhorar a eficácia organizacional. Ele oferece um modelo sólido que é teoricamente embasado e praticamente aplicável, estabelecendo assim um novo paradigma na literatura de gestão estratégica.

 

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