Resistência à Colonização do Gosto, do Saber e do Fazer na Vitivinicultura do Vale de Marga Marga no Chile: a Agroecologia enfrenta a Globalização

Resumo

O artigo explora a colonização do gosto, do saber e do fazer nas comunidades camponesas da América Latina, com foco em seu impacto nas práticas culturais e produtivas, especialmente na vitivinicultura. Esse processo tem implicado a imposição de um modelo local-global que reconfigura as preferências pelos gostos e saberes locais, bem como as formas de produção vinculadas às comunidades e aos seus territórios. Como resultado, gera-se uma padronização e homogeneização nos processos de produção e consumo do vinho, o que acarreta perda de identidade cultural e biodiversidade.
O estudo foca nos vitivinicultores do Vale de Marga Marga, na Região de Valparaíso, Chile, que resistem a essas pressões por meio de práticas agroecológicas e da preservação dos saberes locais. Utilizando um desenho metodológico de pesquisa-ação e sócio-praxis, foram implementadas técnicas de construção de conhecimento qualitativo que incluíram uma oficina denominada "Dias de Campo", entrevistas semiestruturadas e análise hermenêutica. Investigam-se as estratégias adotadas pela cooperativa vitivinícola para sustentar esse tipo de produção e contribuir para a sustentabilidade cultural e ecológica de seus territórios no contexto regional. As práticas agroecológicas emergem como formas de resistência à colonização do gosto, do saber e do fazer, bem como às dinâmicas de poder impostas pela agroindústria do vinho, como a Concha y Toro. Ao fortalecer suas identidades e memórias, os vitivinicultores preservam seu patrimônio cultural e se posicionam contra a desigualdade e a exclusão em um mercado que favorece a grande produção.